29.9.11

efémero

somos assim, seres de efémera existência, coexistindo no mesmo universo sem saber, sem sequer desconfiar, nascemos no mês de março e morreremos no mês de abril, com sorte, maio...

"será que desta vez iremos durar tempo suficiente para ver as últimas folhas secas no quintal?" indaga sua voz doce sussurrando ao pé do meu coração, e eu, que queria dizer que sim com todas as minhas forças já não posso, pois veio a razão pra me lembrar que não há força neste mundo que seja capaz de conter um momento, de parar o tempo.

muitas vezes passamos uma vida inteira sem nos encontrar, eventualmente, trombamos nossas almas em alguma estação do metrô e continuamos em nossa órbita sem sequer questionar o motivo que o destino tinha para nos (des)tratar assim.

é preciso ter os pés no chão, é preciso ter um local seguro pra pousar antes de querer levantar voo... é sim, mas é muito mais fácil falar.

não é justo amar alguém que não te ame (à sua maneira) de volta com a mesma intensidade, é óbvio, e mesmo assim, é absolutamente difícil de enxergar. o resultado acaba sendo sempre o mesmo, condenamos a nós mesmos a um sofrimento que será eterno enquanto este sentimento não correspondido durar (nada é para sempre).

somos seres de efémera existência, antiquados, revolucionários ou talvez perfeitamente (in)seguros de nossos desejos.

somos.